quinta-feira, agosto 11, 2016

A tragédia do Verão e a discussão costumeira



Ao fim da tarde lá consegui ver um esboço de céu azul por entre este manto de fumo pesado e sufocante e as microcinzas que caem. Não sei se a causa vem de Gondomar, de Águeda, de Arouca ou dos Arcos, mas o mais provável é que seja uma conjugação de tudo.
Com todos estes fogos horrorosos, sobressaem duas características bem portuguesas: a solidariedade, evidente entre todos os que vão ajudar os que têm as suas casas em perigo, e a maledicência, que se espalha em milhares de milhares de comentários das redes sociais, sempre com um culpado em mira: o governo (tanto o actual como os anteriores), as autarquias, os bombeiros, os "interesses instalados", os madeireiros, as celuloses, os turistas, etc. E inevitavelmente fala-se sempre na prevenção. Certíssimo, a prevenção, mas seria bom que se falasse disso não apenas em Agosto, à vista das chamas, mas em Janeiro ou Fevereiro (falo da discussão entre a sociedade civil, porque ignoro os planos do MAE e restantes organismos responsáveis). E mesmo uma pessoa como eu, que não percebe grande coisa do assunto, já conseguia prever que com uma vegetação enorme devido a uma Primavera chuvosa, temperaturas anormalmente altos, ventos fortíssimos e a nossa "bela" floresta constituída por esse grande combustível chamado eucalipto, só mesmo por muita sorte é que não haveria fogos. Mas a sorte não aparece sempre.
Todos os anos se repete a mesma discussão sobre fogos. E estes variam devido a um e só um factor: o clima. Há dois anos, choveu nos primeiros dias de Agosto e quase não se falou do assunto. A diferença entre haver ou não incêndios parece resumir-se à maior ou menor pluviosidade de verão. É disso mesmo que estamos a precisar: de uma boa chuvada. 

A meteorologia anuncia chuva para a semana. Oxalá acerte.

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