segunda-feira, maio 25, 2015

O lado negro do 34


Os lados negros da vitória do Benfica no outro domingo foram obviamente os casos de violência em Guimarães e em Lisboa. Vimos no primeiro caso aquele abjecto arraial de pancadaria no adepto do Benfica e na família por parte de um brutamontes cuja autoridade parece advir-lhe unicamente do cassetete, e a destruição e a pilhagem de equipamento desportivo no estádio do Vitória por claques e adeptos do Benfica, o que em nada engrandece o clube, mesmo que se tenha logo disposto a ressarcir os vimaranenses pelos prejuízos. E em Lisboa, aquelas cenas que estragaram a festa no Marquês, em que ao voo de garrafas se seguiram cargas policiais, detenções, e como consequência, o apressado fim de festa. Note-se que a garrafada começou ainda durante o hino do Benfica, o que mostra a falta de respeito para com o clube e os seus símbolos. Depois, a inevitável reacção da polícia à gangada que insistiu em transformar uma festa numa zaragata. Meço bem o que escrevo: gangada. Porque a malta que desatou a atirar pedras e garrafas mais não era do que um bando de gangues que não teve qualquer hesitação em estragar a noite às dezenas de milhares de pessoas que ali estavam a festejar com a equipe (incluindo o autor deste blogue, que estava lá e que por isso mesmo pode falar do que viu), desrespeitando o clube, a autoridade e todos quantos tiveram de se ir embora apressadamente.



O problema, evidentemente, está longe de ser dos benfiquistas. Aliás, felizmente desta vez não houve os habituais "guardiões" dos Aliados, protagonistas dos tristes acontecimentos de outras vitórias do Benfica, mas os meus correligionários conterrâneos estavam bem ocupados em Pedras Rubras a receber a equipa ou a encher a rotunda da Boavista. Já vimos portistas a invadir o relvado do estádio do vitória (precisamente) e a pilhar estabelecimentos em volta, sportinguistas a pegar fogo às bancadas da Luz, e outros desacatos de arsenalistas, vitorianos, boavisteiros, leixonenses, etc. Mas para além do clubismo, também não se pode resumir a problemas geracionais, com as habituais arengas sobre as "novas gerações sem valores", até porque alguns dos intervenientes no saque do material desportivo não eram propriamente miúdos. E menos ainda se pode atribuir apenas à "crise", como se a volúpia e o roubo circunstancial não viessem já de longe. É pensar nos motins de Londres de 2011 para nos lembrarmos de autênticas pilhagens em ambientes eufóricos. Lembro-me de ouvir relatos de naufrágios na costa portuguesa e das populações se precipitarem para levar os despojos das vítimas. Ou seja, tudo isso (clubite, fraca educação, crise) possa contribuir para estes casos, mas provavelmente talvez o problema da falta de valores seja afinal intemporal e interterritorial. Só o exemplo, a autoridade e a experiência podem combatê-los.

E entretanto, tivemos a verdadeira festa de consagração no estádio da Luz, com um público vibrante e alegre, um jogo intenso com vários golos e a homenagem aos bicampeões. Pena mesmo a lesão de Salvio, pior do que se esperava, a não entrada de Paulo Lopes e o roubo do golo de Jonas Pistolas", que lhe daria o título de melhor marcador. É a segunda jornada seguida em que anulam um golo ao Benfica, mas teremos sempre os idiotas inúteis a quererem a tudo o custo afirmar que o Benfica teve o beneplácito dos árbitros. Afirmar, não provar, bem entendido. Bom sinal: o desespero está a chegar.

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