terça-feira, março 17, 2015

Partiu un defensor de la léngua i cultura mirandesa



Vale a pena ver este artigo do Expresso, com uma extensa entrevista a Amadeu Ferreira, que morreu nos inícios deste mês. Amadeu Ferreira, natural de Sendim (sim, a terra da posta da Gabriela), Miranda do Douro, teve um percurso apaixonante, sempre em crescendo: seminarista, soldado, viveu em várias terras de Trás-os-Montes, estudou filosofia na Universidade do Porto e Direito na Universidade de Lisboa, onde viria a lecionar e a tirar o mestrado, pelo meio chegou a militar e a ser deputado pela UDP, e acabou como vice-presidente de Carlos Tavares na CMVM.
Podia ser um percurso de respeito como tantos outros não fosse o facto de Amadeu Ferreira se ter popularizado como o mais acérrimo defensor da língua mirandesa. Ouvi falar dele quando escrevia semanalmente no Pública, na sua crónica semanal em mirandês, em que aparecia com a sua característica boina. Traduziu para aquela que é a segunda língua oficial de Portugal os Lusíadas, os Evangelhos, e mais uma data de livros, incluindo álbuns de Asterix (se já viram por aí o Asterix L Goulês, então saibam que é uma tradução de Ferreira), além de escrever poesia e crónicas mirandesas. Há tempos, encontrei uma entrevista em que declarava que tinha uma doença que não lhe daria mais do que dois anos de vida, pelo que queria acelerar algumas obras que tinha em projecto. Não sei se as acabou, mas a verdade é que deixou um vasto legado e a certeza de que o mirandês não mais há de entrar na obscuridade, graças sobretudo ao seu trabalho. Amadeu Ferreira deixa obra e uma vida, sumarizada em bom mirandês na Wikipedia da mesma língua. Poucas terras em Portugal têm uma identidade tão forte e vincada como Miranda. E poucas se podem orgulhar de um dialecto próprio, ou de quem divulgue tanto a sua cultura.





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