terça-feira, agosto 05, 2014

Nos cem anos do início da 1ª Grande Guerra



Há exactamente cem anos começava o conflito depois conhecido como Grande Guerra, ou Primeira Guerra Mundial. A pesada efeméride não tem passado despercebida também em Portugal, que embora não tenha sofrido acções bélicas no seu território europeu, travou encarniçados combates em África e na Flandres, onde milhares de portugueses sem experiência de guerra nem material condizente com as circunstâncias (apesar do patético "Milagre de Tancos" com que se quis impingir a ideia de um exército devidamente treinado em poucas semanas) morreram em condições tremendas para defender " o prestígio da república".
Não faltam agora séries, documentários, edições especiais e livros (um agradecimento especial ao Expresso que editou em vários fascículos, e gratuitamente, o pesado tijolo da autoria de Martin Gilbert, que há muito queria ler) sobre o acontecimento, pelo que durante os próximos meses não faltarão ocasiões para o relembrar, às suas batalhas e aos protagonistas.
É curioso notar como alguns mitos hoje em dia são tão apregoados, apesar de terem sido supostamente erradicados pela Grande Guerra (ou pela lógica dela resultante).
Um deles é o da necessidade de um Mundo "multipolar", por oposição ao controlo por uma ou duas superpotências, como se verificou depois da 2ª Guerra, e sobretudo no pós-1989. É que a guerra de 1914-18 deu-se precisamente pela explosão das tensões entre diversas potências europeias, como o Império Britânico, a França, a Rússia, o Império alemão e o Austro-Húngaro, aos quais se juntaram o Otomano, os EUA e o Japão, entre outros. Potências a mais redundaram numa guerra sem quartel. A multipolaridade não impediu a guerra, antes a incitou.
O outro é o dos benefícios infinitos da técnica e da tecnologia. Uma das características da Grande Guerra foi que a revelação de que as velhas tácticas, instrumentos e demais elementos de combate se tinham tornardo obsoletas com a profusão de novos equipamentos, como os tanques de guerra, os aviões (e em parte os zepellins), os submarinos ou os gases venenosos. A tecnologia serviu apenas para ceifar ainda mais vidas e deixar um rasto incalculável de mortos e estropiados nas trincheiras, e um cenário de incrível destruição entre as jovens gerações europeias, que não estavam de todo preparadas para o que iam enfrentar.
Começou há cem anos.


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