sexta-feira, julho 04, 2014

Balanço intercalar do Mundial


Agora que estamos na fase a eliminar, entre os oitavos e quartos de final, impõe-se um balanço intercalar do Mundial brasileiro. De uma coisa podemos estar certos: a competitividade e qualidade dos jogos excedeu as expectativas. Não é fácil ver-se neste defensivo e comercial século XXI tamanha saraivada de golos. Se bem que aos jogos a eliminar a quantidade tenha diminuído, como de resto seria de esperar.


Portugal, claro, saiu sem honra nem glória, Salvou-se uma vitória e o golo da praxe em Mundiais de CR7, para conservar alguma dignidade. A forma física e o declínio de muitos jogadores revelaram um plantel nacional que deixou muito a desejar, e os próximos anos não prometem ser melhores, com uma míngua de jovens valores que ensombram o futuro. Para já, como promessas temos William de Carvalho e pouco mais. é claro que aparece sempre uma ou outra surpresa, mas não parece ser suficiente para assegurar uma sucessão digna. E quando olhamos para os jogadores do Euro-2004 é que verificamos quão limitada era esta equipa. E mais vale nem tentar comparar Ronaldo aos seus "rivais" do relvado, como Messi e Neymar, para evitar vergonhas. Ao menos em popularidade de estrela, qual Beatle da bola, ninguém o bate...


Mas houve equipas que muito me agradaram. O México, organizado, com bons executantes em todas as posições e um trinador que é mais espectacular no banco que muitos jogadores no relvado saiu prematuramente. Merecia ir aos quartos, ao pelo menos ir a prolongamento. Mas calhou-lhe uma exaltante Holanda, com um futebol vistoso e de ataque, quase "total", tentando recordar os anos setenta. Anda lá perto e merece discutir este Mundial. E Robben está com uma forma que nunca lhe vimos, mistura de gazela com um carro de combate.

Depois, claro, a Colômbia, uma equipa que dança a jogar (e não só nas comemorações dos golos), não se atemoriza perante ninguém e promete fazer a vida negra ao Brasil. Bem mais livre das ameaças dos cartéis da cocaína que quase destruíram o seu país, está finalmente a cumprir o sonho da magnífica selecção de 1994, de Asprilla, Rincón e Valderrama, que falhou rotundamente, sob o peso das ameaças que se concretizaram com o assassínio de Andrés Escobar. E ainda conseguiu bater um recorde, o do jogador mais velho de sempre a actuar num Mundial, o veterano guarda-redes Mondragon, de 43 anos, que fazia parte dessa equipa de 94. Uma passagem de testemunho? só tenho uma coisa a lamentar nesta prova dos cafeteros: é que pelo caminho tenha ficado o Uruguai, que era a minha equipa favorita depois da eliminação de Portugal. Ao contrário de há quatro anos, em que a Celeste puxou dos seus galões de equipa guerreira e ficou em quarto lugar, desta vez não resistiu ao café colombiano. No preciso estádio em que se sagrou campeão em 1950, deixando o Brasil em depressão. E assi, se exorciza um fantasma (o de 1950), quem sabe se para não surgir outro. É que o Brasil deixou muito a desejar frente ao Chile, e se não fosse Júlio César (a passagem pelo Toronto não lhe retirou qualidade) e os ferros da baliza, o país anfitrião estaria ainda em estado de choque. Contra a Colômbia, se a orquestra não estiver afinada, vai ser um caso sério.

Quanto aos outros jogos, entre a França e a Alemanha, que a muito custo ultrapassou uma surpreendente Argélia (comandada pelo academista e ex-benfiquista Halliche), impedindo por ora a desforra de 1982, allez les bleus. A Alemanha é aquela equipa que a par do Brasil nunca recolhe os meus votos. a França tem anos, mas parece que Deschamps conseguiu impor alguma ordem na balbúrdia que se verificava desde a saída de Zidane. A Argentina tem convencido pouco, mas os seus adeptos merecem toda a nossa consideração. Não é qualquer "torcida" que domina Copacabana. Talvez se vá safando com Messi, mas enquanto Enzo Pérez não jogar a titular vão continuar a não convencer. contra a excelente e promissora equipa belga, não sei não...só não enumero os nomes por além dos apelidos flamengos darem muito trabalho a escrever, os media têm-se encarregado de nos relembrar. Na Costa Rica-Holanda, aposto na laranja de mecânica afinada, mas que não ganhe por muitos, porque os costa-riquenhos merecem estar nesta eliminatória e têm sido uns bons intrusos.

Divirtam-se 

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