domingo, janeiro 05, 2014

Eusébio da Silva Ferreira 1942 - 2014

 
O Pantera deixou-nos. Definitivamente. Confesso que era uma notícia que temia quando se anunciava novo internamento do King. E fatalmente, teria de chegar. Agora, a pouco tempo de completar 72 anos, (curiosamente seria no dia em que passariam dez anos sobre a morte em campo de Miklos Feher).Causa muita estranheza e impressão ver o símbolo maior do nosso futebol deixar-nos, um homem que, apesar de nunca ter visto jogar, fazia parte do meu imaginário e de que sempre tinha ouvido falar. A lenda tornou-se um pouco mais terrena nos únicos segundos em que o vi, no corrupio daquele aeroporto alemão em dias de grande competição da bola, e em que fui cumprimentar o Pantera, que de repente ali estava à minha frente.
 
A notícia que acordou os portugueses neste triste Domingo deixou a maior parte chocada. Se ainda há alguém que não percebeu a importância de Eusébio, passo a explicar. Não era um mero jogador muito talentoso e um pouco ingénuo que ganhava títulos: era o português mais conhecido em todo um mundo, num tempo sem internet nem telemóveis, o homem que pôs o futebol português no mapa, o primeiro grande ídolo africano, quando moçambique era um colónia e a maioria dos novos estados de África um conjunto de propriedades de sobas que tinham estudado na Europa. Era um português africano que encantou o Mundo e pôs a Inglaterra de 1966, em plena ascensão dos Beatles, boquiaberta de espanto. Era o homem de quem, quando se falava em qualquer ponto do globo, criava um imediato sentimento de simpatia respeitosa para com Portugal. Era, enfim, alguém capaz de calar as armas da guerra colonial nas picadas de África com os seus golos, e que nunca, mas nunca, se queixou dos seu países, o de nascimento e o de sempre. Por tudo isso, o Benfica, e já nem falo dos países mencionados, devia colocar a bandeira a meia-haste durante todo o ano e os seus jogadores pensare nele antes de entrar em cada relvado.
 
Eusébio, o Pantera Negra, o português mais conhecido e admirado do século XX (que me perdoe Amália), era um mito e agora tornou-se definitivamente numa Lenda que nunca será esquecida. Que Deus o guarde pelo muito que nos deu.

 

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