segunda-feira, agosto 05, 2013

Pibulls e juízes a iniciar a silly season


A silly season está aí, não haja dúvida. Mal chegou Agosto e surgiram logo notícias a comprovar a época com estrondo, em situações caracterizadas pela total ausência de bom senso e lucidez mínima.
 
A notícia da entrega provisória do célebre Zico - o pitbull que matou uma criança em Beja, há meses - à associação Animal, por força de uma providência cautelar, para o "reeducar", levou a sua dirigente máxima à total excitação, de tal forma que decidiu rebaptizar o animal de "Mandela". Razão?  Segundo os animalistas, "tal como o líder sul-africano este cão também é um símbolo de liberdade. Esteve preso sete meses sem saber porquê, tal como Mandela esteve preso mais de duas décadas". Não me lembro de ver o autêntico Mandela a estraçalhar criancinhas, nem me parece que o cão tenha promovido a paz e a reconciliação entre comunidades, mas é difícil pedir discernimento a esta gente, obcecada que está em proteger tudo o que é "pessoa não-humana" (parece que os indianos, que tratam melhor as vacas do que as crianças, têm a mesma ideia). Mas e se a acção principal não proceder, a providência cautelar (que, recorde-se, tem efeitos provisórios e temporários) caducar, e o cão for mesmo abatido, que irá dizer a Animal? Foge com o cão? Dá-lhe o nome de Cristo ou de um mártir qualquer, passando o referir-se-lhe como uma vítima da luta pela "causa animalista"? Valha-os Deus...
 
No mesmo dia, outro caso, o da decisão do tribunal da Relação do Porto, que obrigou uma empresa a reintegrar um trabalhador que tinha sido despedido por estar com um grau excessivo de álcool no horário de trabalho (e ser protagonista de um acidente, com outro colega também com os copos). Pode-se discutir se o despedimento seria ou não uma sanção demasiado gravosa, mas atente-se no acórdão, de uma tribunal que até já absolveu um violador comprovado: "Note-se que, com álcool, o trabalhador pode esquecer as agruras da vida e empenhar-se muito mais a lançar frigoríficos sobre camiões, e por isso, na alegria da imensa diversidade da vida, o público servido até pode achar que aquele trabalhador alegre é muito produtivo e um excelente e rápido removedor de electrodomésticos". Se isto fizer jurisprudência, bem podemos ir todos aos bordos para o respectivo trabalho para "esquecer as agruras da vida" e ser mais "produtivos". Aliás, se acreditam tão piamente no que decidiram, os doutos juízes da Relação deviam seguir o seu próprio acórdão, para se empenharem e ficarem mais produtivos, de forma a acelerar os procedimentos da justiça e tirá-la da sua eterna morosidade. É de perguntar se não teriam experimentado tal método alcoólico quando redigiram o acórdão. Não me espantava nada.

PS: para completar o ramalhete, ainda tivemos o caso de Américo Piçarreira, um assassino condenado a vinte nos de cadeia por matar uma mulher e os dois filhos menores num assalto (mas que beneficiou de uma redução de pena), que entretanto já tinha fugido outra vez e feito uma data de assaltos, e que agora fugiu de novo aproveitando uma precária, com ameaças de morte a quem o tentasse capturar. Felizmente apanharam-no antes que conseguisse fazer mais vítimas. Gostava de saber quem são as bondosas autoridades responsáveis pela liberdade temporária de um infanticida que mostrou por mais do que uma vez estar longe da redenção. A Justiça, para cumprir o seguimento escrupuloso da Lei, precisa antes de mais de bom senso. É por não o haver que acontecem casos aberrantes como estes (ao passo que um ladrão de galinhas tem muitas vezes menos sorte). Esqueceram-se disso nas aulas do CEJ ou não faz parte da formação?

Um comentário:

Anônimo disse...

Parabéns pelo blog.
www.classipronto.com.br