domingo, fevereiro 05, 2012

Um "retrocesso" exemplar


A revisão da lei do aborto em Espanha é um dado que merecia mais atenção. Não me lembro de nenhum outro governo ou regime ter revertido uma norma semelhante. Neste caso, mais do que revogar as recentes mudanças de Zapatero (que permitiam, por exemplo, que raparigas de 16 anos abortassem sem autorização dos pais), eliminaram-se as leis do aborto livre e sem fundamento, sendo agora meramente permitido em caso da malformação do feto, perigo de vida para a mãe a violação. Não sei se será a feliz reversão isolada de uma tendência preocupante que parece ter-se tornado moda (ou pior ainda, um novo "direito humano das mulheres"), ou o início de uma nova discussão e de um novo entendimento sobre o aborto. Haja esperança. Em todo o caso, é de louvar a coragem do novo governo espanhol em remar contra a maré de lugares comuns politicamente correctos e propaganda massiva, mesmo que isso não agrade a muitos, como o nosso conhecido Bloco de Esquerda, de que escreverei daqui a dias.
Mais duvidosos foram alguns títulos de jornais, falando de "retrocessos", numa linha editorial de sensacionalismo (ou parcialidade) pouco saudáveis para uma imprensa credível. Mas até se pode desculpar: é que há retrocessos desejáveis, quando os avanços vão na direcção da auto-destruição.

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