terça-feira, dezembro 13, 2011

Passou o ciclo infernal




No meio do turbilhão de notícias que nos rodeia - a inconsequente cimeira da UE, a crise da dívida eternizando-se, a resistência de Cameron, a fábrica que já não vem para Portugal - vamos ao que interessa. O Benfica encerrou um ciclo infernal de jogos com nota suficiente mais. Um empate no terreno hostil de Braga, uma vitória pela marca mínima contra o Sporting e outra igual no terreno do Marítimo (que tem a mesma pontuação que o Braga), um empate épico em Old Trafford, um triunfo magro sobre o Otelul Galati, uma vitória mínima no terreno, ou melhor, na piscina da Naval, e a eliminação para a Taça em casa do Marítimo, a única mancha neste período e a única derrota da época em todas as competições. Assim sendo, continuamos à frente do campeonato, com os mesmos pontos que o Porto de Vítor Pereira, o que não é grande espingarda. Simplesmente, o nosso calendário está agora bem mais desanuviado: de visitas complicadas temos Alvalade, daqui a meio campeonato, e vá lá, Guimarães que pode dar para tudo.

Na Taça, já se sabe: ausências, poupanças e aqueles golos que aparecem uma vez por ano puseram-nos fora do Jamor, de novo. Começa a ser tempo de lá voltar, antes que a voragem do futebol moderno remeta a final da Taça para uma destas inutilidades de betão feitas e pensar no Euro 2004. De pouco valeu a contenda na Figueira, num campo mais próprio para pólo aquático do que para futebol, em que qualquer equipa podia ganhar.


Claro que houve particular prazer em ver o Benfica ficar em primeiro lugar no seu grupo da Liga dos Campeões. Aqueles que apostaram no Manchester em primeiro e o Glorioso em segundo devem ter ido aos arames. O empate em pleno Old Trafford (onde nunca tínhamos conseguido sequer um ponto) é mais uma página dourada para juntar a outras memoráveis da história do Benfica em Inglaterra. Para mais, a equipa entrou a ganhar, marcou, insistiu e só permitiu veleidades ao adversário a partir dos vinte minutos. E quando o "Unite" carregava e dava a volta ao jogo, perdemos o nosso capitão por lesão, substituindo-o pelo inexperiente Miguel Vítor, e ainda assim soubemos juntar forças e alcançar o segundo golo (e, acrescente-se, o primeiro tento dos mancunians estava em ligeiro fora de jogo). Poder-me-ão dizer que o Basileia também lá empatou e que ganhou aos ingleses em casa. Pois sim, mas o Benfica venceu com dez no terreno dos suíços. E isso valeu o primeiro lugar.

Não é que o futebol praticado encante como em 2009/10, longe disso, mas parece-me que Jorge Jesus está mais "resultadista". Os golos escasseiam, tanto nas balizas adversárias como nas de Artur (também por causa dele). E o espectáculo tem decaído desde o início da época, como se verificou nos jogos contra o Twente. Gostaria imensamente mais de ver o Cardozo a facturar o dobro, o Gaitan a fazer mais obras de arte, o Aimar a espalhar mais magia e o Nelson Oliveira a jogar e a marcar, se possível. Mas a verdade é que o Benfica ultrapassou muitas tormentas no campeonato - com a grande vantagem de que já não tem de vir ao Porto ou a Braga - e na Liga dos Campeões é esperar quem lhe calha na rifa (se não tiver sorte, é o Milan). No fundo, estamos a jogar à Trapattoni, mas com jogadores muito melhores do que a saudosa época em que o italiano passou por cá. Prognósticos? O Benfica ganha o campeonato, por pouco, mas ganha; e acaba a carreira europeia nos quartos de final da Liga dos Campeões. A Taça da Liga dependerá dos humores dos reservas, mas até gostaria que fosse outro clube a ganhá-la, para que este troféu começasse finalmente a ser considerado minimamente importante.

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