segunda-feira, outubro 17, 2011

Coisas que realmente indignam



Olho as imagens dos "indignados". São exactamente as que esperava: uma mescla de militantes do PCP (alguns deles com boinas que passaram seguramente pelo PREC) com o discurso na ponta da língua, uma data de gente com fisionomia de votantes do BE (piercings, tranças, roupas de saltimbancos, etc), e os habituais anarcas dos nossos dias, de bandeira negra e capuz. Pelo meio, algumas pessoas com ar normal, provavelmente funcionários públicos ainda atónitos pelas contas que têm de fazer.


Percebo que haja muita gente preocupada com o seu futuro e os seus empregos - eu também estou. Que haja funcionário públicos inquietos é óbvio. E percebo igualmente que as crises tragam a necessidade de alguma catarse. As manifestações podem servir para isso.


O que eu não admito é que venha um punhado de gente aparentando fobia à higiene falar em "democracias reais", organizar "assembleias populares" e dizer que representa "99% do povo". Mas quem é que deu àqueles aprendizes de artistas de circo legitimidade para representar o povo português? Eu não sou, não quero nem me sinto minimamente representado por aquela gente. Sim, isso a mim indigna-me. Já agora, por onde andavam eles quando as taxas de juro eram baixas e se consumia a crédito a torto e a direito? Julgarão eles que a culpa se resume apenas aos bancos e ao sistema financeiro? Pergunto-me que drogas circularão por ali quando vejo gente a falar num "novo 25 de Abril", como se este regime não fosse produto do original, ou numa "revolução mundial" (em Pequim também?). A representação popular está dentro do edifício que cerca, o palácio de S. Bento, e para os colocar lá houve eleições em Junho. Os partidos que apoiam estes "indignados" tiveram no total pouco mais de 15% dos votos. Agora querem ganhar na rua o que não ganharam nas urnas, falando em "maioria social" (ou seja, a maioria dos que andam nestas marchas). Acharão que os restantes eleitores, aqueles que fizeram outras escolhas e não se abstiveram, não se indignarão?

Entretanto, aparece um mancebo de grandes tranças, roupas largas e coçadas, tocando viola e "sonhando com outro futuro". Inquiro-me se aquele indivíduo trabalhará, se andará á procura de trabalho e se se atreverá a ir a alguma entrevista de emprego naqueles modos.

Depois, vemos as televisões a falar do "protesto global popular", e quando passam por Roma, vêem-se os habituais agentes do Black Block a incendiar carros, prédios, até a vandalizar uma igreja do século XVII. Encapuzados de cara escondida, como de costume. São referidos pelos locutores como "alguns jovens que protestaram de forma mais violenta". Porque raio não chamam os bois pelos nomes? De selvagens, membros da extrema-esquerda do submundo, ou mais precisamente, anarquistas? Ou terá a comunicação social medo de lhes chamar o que realmente são? Isto sim, é de deixar uma pessoa indignada.

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