quarta-feira, outubro 20, 2010

O Benfica do presenteAinda não me tinha debruçado aqui sobre o Benfica desta época. Poderá soar a alguma cobardia escrita, tendo em conta o início desastroso da equipa. Na verdade, já há tempos que pretendia falar sobre isso.

Tudo indica que a tempestade inicial já terá passado. Na baliza, o poste Roberto, que tantas piadinhas tem criado aos adversários, parece ter enfim alcançado a serenidade que lhe faltava. Tenho é dúvidas que vá justificar o pesado investimento financeiro nas suas luvas, com prejuízo para Quim. Eu não o teria feito, mas também não tenho estudos nem tarimba de treinador como Jorge Jesus. Fico a pensar que Eduardo poderia não ter rumado a Génova, até porque sempre seria mais um internacional português, mas é capítulo encerrado. quem sabe se daqui a uns tempos Roberto não será um cobiçado guarda-redes.

Na defesa, poucas mudanças subjectivas, mas a intranquilidade parece que se apoderou de David Luiz. Têm sido muitas as falhas ao "macarrão", logo agora que o convocaram para a Canarinha. Coentrão ficou com o elan do Mundial, a atacar e a defender, ao contrário de Maxi, e Luisão está sereno e autoritário. Bastante desiquilíbrio neste sector, como se vê.

Meio-campo: é óbvio que a saída de Ramires não ficou suficientemente compensada. Javi parece uns furos abaixo do ano passado, mas Airton está aí para compensar. Já Aimar está bem e recomenda-se, e quando não tem lesões é uma maravilha vê-lo jogar. Com Carlos Martins passa-se o mesmo, mas este, além das lesões, é constantemente prejudicado pelo geniozinho, que tanto dá para passes do outro mundo como para andar aos berros com os bandeirinhas. Mas o seu potente chuto está aí.

Por fim, o ataque, sector onde o Benfica é tradicionalmente forte e que tantas redes moveu na época passada. Cardoso está ausente (agora literalmente, com a lesão), abúlico, sem convicção; Kardec bem tenta agarrar a oportunidade, mas não é fácil para quem vem de lesão prolongada. Saviola continua a ser o rato atómico, só que tem tido pouca sorte a facturar. Nuno Gomes está lá para mostrar que há "gente da casa" no balneário, e Weldon espera ser tão útil como no último ano. Depois, os reforços: Jara não tem ido ao relvado, e pouco se percebeu do seu valor tirando alguma "raça". Depois, surge-nos um daqueles casos de incompetência corrigida à pressa: emprestaram o promissor Urreta, e quando perceberam que precisavam mesmo de alguém para o lugar do agora merengue Di Maria foram à pressa buscar Sálvio ao Atlético. Sem resultados práticos, até ao momento. Sobra Gaitan; ao contrário do que diz o preclaro arquitecto José António Saraiva, está longe de ser um jogador "banal", e mostra muita técnica e qualidade de passe. Precisa de aprender a jogar à europeia, de ganhar experiência, de rematar com outra calma, e então será de grande qualidade. Mas para isso precisa de tempo...

No campeonato, as coisas parece que estabilizaram. Na Liga dos Campeões, a derrota em Gelsenkirchen obriga a cuidados redobrados. O Benfica entra hoje em campo em Lyon, uma cidade neste momento a ferro e fogo, para defrontar o poderoso Olympique local, hepta-campeão francês nesta década. Empatar seria bom, ganhar magnífico, perder aborrecido, mas longe de ser letal, com os jogos que faltam. O que se quer é que se lembrem do jogo em Marselha do ano passada e que honrem a camisola. Já chega de resultados falhados.

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