sexta-feira, outubro 09, 2009

Uma desilusão, um exemplo e um equívoco



A maior desilusão destas autárquicas, mesmo antes dos votos, tem um nome: Elisa Ferreira. Começou com a bi-candidatura ao Parlamento Europeu e à CMP, com desculpas apressadas e convincentes. Houve depois um período de acalmia antes de cair numa espiral de disparates: a história da "gamela" de Bruxelas (onde revelou que se trabalha pouco), acusações sem sentido, uma lista para a câmara de notáveis da cultura que não se imagina a trabalhar a tempo inteiro na câmara, uma campanha gráfica confusa e populista, e agora vem com a futebolização das eleições. Elisa acha que Rio, com as suas desavenças com o FCP, colheu "o apoio de seis milhões de benfiquistas", e ainda que "quem se portou impecavelmente foram os portistas, que disseram que uma coisa é futebol, outra é política e até o elegeram". Não diz é porque raio é que o autarca quereria esse apoio dos benfiquistas. Somos assim tantos no Porto? Nunca me apercebi. Toda a minha vida devo ter tido ilusões de óptica, ou então não conheci as pessoas certas. Mais um tiro na água de quem se esperava mais. Nem o apoio de Pinto da Costa lhe vale.
Também no Porto, e para que conste, relembro as circunstâncias da primeira vitória de Rui Rio. Fernando Gomes, que gozava de grande popularidade na cidade (tanto que teve maiorias esmagadoras), resolveu experimentar o cargo de ministro da Administração Interna e renunciar à Câmara. As coisas não correram bem, e voltou algum tempo depois a concorrer à CMP. Para grande surpresa, perdeu as eleições. Além de algum desgaste do seu projecto, a sua ida para Lisboa e a ideia de que regressava meramente para ocupar um lugar onde se tinha acomodado não caiu bem entre os portuenses, que não o reconduziram ao lugar. Uma lição cívica e um sinal de inteligência dos eleitores
Santana Lopes foi eleito para a CML em 2001. Em 2004, como se sabe, rumou ao Governo; antes, porém, acautelou-se e suspendeu o mandato autárquico, sem renúncia. Derrotado em Fevereiro de 2005, não assumiu o lugar de deputado e voltou a ocupar o gabinete da presidência na autarquia, desapossando Carmona Rodrigues a contragosto deste. Impedido por Marques Mendes de se recandidatar, conseguiu apanhar a candidatura este ano, colocando Manuela Ferreira Leite perante um facto consumado. Como se nada se tivesse passado antes, nem nunca tivesse circulado entre cargos mais apetecíveis no momento, Santana quer voltar a presidir à CML. Mais do que o seu percurso errático e das dívidas que deixou pelo caminho (e sem esquecer os casos dos contentores de Alcântara e promessas incumpridas por António Costa), seria bom que os lisboetas se lembrassem disto e meditassem no salutar exemplo que os portuenses deram há alguns anos.

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