segunda-feira, junho 22, 2009

"Eixo do Mal" em evidência


Tenho acompanhado o processo pós-eleitoral do Irão saltitando entre interesse pela evolução dos acontecimentos e a indiferença da sorte dos persas. Se os protestos contra os resultados oficiais são massivos, duvida-se que sejam suficientes para uma mudança substancial do regime teocrático em vigor. Os Guardiões revolucionários aceitam nova recontagem de alguns votos, e os "moussavistas" exigem uma reeleição. O choque nas ruas era inevitável, mas talvez não passem de fúrias espontâneas que em alguns dias passem de moda. Recorde-se Tiananmen em 89, Praga em 68 ou Budapeste em 56: nenhuma delas alterou o que quer que fosse, excepto talvez algum endurecimento dos regimes que as abortaram. Até porque, mesmo que tenha havido fraudes na votação, deve haver um número substancial de apoiantes de Ahmadinejahd pouco disposto a grandes mudanças, pelo que o regime não cairia sem uma sangrenta guerra civil. Por seu lado, o passado de Moussavi inspira pouca ou nenhuma confiança, pelo seu papel fulcral na opressão sob as barbas de Khomeiny, e até por ter sido um dos poucos cuja candidatura o Conselho de Guardiões da Revolução aceitou, na sua restrita filtragem. Os seus apoiantes podem estar sedentos de mudança, mas o candidato nem tanto, ainda que possa ser um Humberto Delgado iraniano, voltado contra o regime que o criou, ou um Begin persa, com um passado violento mas que como estadista procurou a conciliação com adversários externos.

Ainda assim, os "revolucionários" da situação e adeptos de Ahmadinejad têm cometido erros, como a prisão de familiares do ex-Presidente Rafsanjani, e a utilização nos actos de maior repressão das manifestações de elementos do Hamas, que se encontram no Irão para serem treinados militarmente. a utilização de mercenários estrangeiros decerto que não cairá bem na população nem na comunidade internacional.


No extremo leste da Ásia, a outra metade restante do "Eixo do Mal", a Coreia do Norte intensifica os exercícios com mísseis que atingem uma distância cada vez maior. As sanções já foram propostas e aceites, mas Pyongyang afirma que as considera "um acto de guerra". Quando vê as coisas mal paradas, o paranóico regime kimjongilista ameaça logo com a guerra. Resta saber se se sente acossado e pretende mesmo incendiar tudo em redor, num acto de derradeira fúria suicida e assassina, ou se pretende com isso ganhar algumas vantagens económicas. Certo é que os vizinhos estão a perder a paciência com a insolência do povo do "Querido Líder" e estão dispostos a encostá-lo à parede para acabar com a eterna ameaça latente...ainda que isso comporte riscos óbvios.

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