quinta-feira, janeiro 10, 2008

No campo de tiro

Reviravolta na decisão da localização do aeroporto de Lisboa: o campo de tiro de Alcochete é o escolhido, em detrimento da Ota, depois de um período em que a escolha dos prados do Oeste era um facto consumado. Não sendo expert em matéria de engenharia ou económica, fico com a sensação de que é uma melhor escolha. Até por se basear num exaustivo estudo do LNEC, coisa que já devia ter acontecido há imenso tempo. Mas olhando para as vantagens e desvantagens comparativas, parece-me melhor, Tem menos custos, evita uma massificação ainda maior de veículos e construções a norte de Lisboa, é mais perto, terá melhor acessos ao porto de Sines e escusa-se de se andar a terraplanar colinas, a drenar charcos e a estabelecer estacas para sustento de estruturas. Acresce que a zona agora escolhida, é realmente um deserto, como temia o ministro Mário Lino. E ainda bem: menos expropriações, e menos custosas, menos populações deslocadas, menor impacto na qualidade de vida. Não se percebe porque raio queria o senhor que houvesse escolas e coisas parecidas nas imediações. Os terrenos em causa são uma imensidão plana coberta de eucaliptos, perto de uma autoestrada muito boa para circular mas sub-aproveitada, a A-13.

Há, claro, alguns contras, como o aquífero que passa na região, que provavelmente terá de ser objecto de especiais cuidados para evitar a poluição das águas. E obviamente a construção de nova travessia no Tejo, por muito que isso inquiete Almeida Santos. O estigma "Margem Sul" não deixará de pôr muita gente de nariz torcido.

Outra razão: a maior distância do Porto pode dar outra importância a Pedras Rubras, como único aeroporto importante a norte do Tejo. A Ota previsivelmente secundarizá-lo-ia. Alcochete pode dar-lhe outra dimensão. Assim espero, desde que a ANA não resolva fazer das suas.

Para os que protestam pela decisão e acusam lobbies vários, como a CIP, lamenta-se pelo investimento que tinham feito anteriormente. Não venham é tentar convencer que os lobbies ganharam todos, como já vi escrito, ou que "é tudo para o Sul e nada para o centro". Nota-se logo muito ressabiamento. Como se não houvesse inúmeros grupos de influência, talvez mais ainda, pró-Ota. E que eu saiba o Alentejo não é lá muito beneficiado face a Coimbra ou Leiria. Qualquer decisão destas tem sempre as suas razões políticas, dê por onde der. Mas esta tinha também razões técnicas de relevo. Por isso, entendo que terá sido a melhor. Espero é que seja igualmente ponto final nesta discussão que se arrasta há anos e que tantos recursos tem exigido.

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