terça-feira, janeiro 29, 2008

Mas ainda há quem defenda Suharto?
Decididamente não há unanimidade possível mesmo sobre os piores ditadores. Então quando a coisa mete anti-fascismo, anti-comunismo ou anti-americanismo, há sempre quem desculpe acções inomináveis, crimes sem punição e fanatismos ideológicos. Desta vez, alguns blogues de direita optaram por ignorar ou menorizar as barbáries do regime de Suharto. Desilude-me neste caso particular o Combustões, blogue do qual em muitas ocasiões discordo, mas que leio sempre com interesse. Não é o ditador indonésio o principal culpado do que se passou em Timor? Então quem matou centenas de milhar de habitantes da ilha? E quem nos garante que não a invadiria mesmo que as forças portuguesas aí tivessem permanecido?
Depois vem a luta contra o comunismo e a aliança com potências ocidentais. Pergunto-me de que adianta tal luta se os resultados são piores. Faz-me lembrar os defensores dos Contras da América Central, os tais Freedom Fighters, que se revelaram uns autênticos bárbaros, tal como os indonésios. Se o defendemos pela unidade territorial (tarefa complicada, sem dúvida), então pela mesma razão teremos de dar o crédito a Ho Chi Min pela unificação do Vietname. Evitou que a Indonésia gerasse um novo Pol Pot? Pois a comparação de Suharto com o genocida do Cambodja não é absurda, e é mesmo feita pela Spectator, que não tem grande currículo de simpatias comunistas. Evitou-se um conservando-se outro. No campeonato de sangue derramado, o ditador de Java em nada se distingue dos outros. Não é preciso ser-se maoísta para se reconhecer isto, ou os trinta e tal anos de regime puramente militar, as mentiras escondidas e os milhares de milhões de dólares subtraídos em proveito próprio. Basta que haja um pouco de senso e reconhecer-se que em nome da luta contra o comunismo não vale tudo nem atropelar todos.

Nenhum comentário: