domingo, junho 03, 2007

Feira do Livro, multidões, intenções e aquisições

Feira do Livro. A de Lisboa, para já. Com o tempo enfim soalheiro, percorrem-se as barracas, folheiam-se alfarrábios, biografias, ensaios e romances. A partir de certa altura, é impossível deixar de esbarrar com famílias inteiras, com os seus carrinhos de bébé, idosos a pensar onde estão, casais de namorados distraídos, bibliófilos a mirar ao longe uma qualquer nova edição. Mini-esplanadas montadas e tendas vendendo gelados. Fernando Negrão em pré-campanha, na companhia de Vasco Graça Moura, fingindo que estava interessado nos livros (com uma oportuna câmara de televisão atrás). Junto às respectivas editoras, os autores protegem-se do sol ou vão bebendo um café até aparecer um fã. Um senhor da Normandia , que folheava a meu lado, resolveu desabafar comigo em francês, queixando-se que os editores trabalhavam pelas vendas e não pela divulgação dos livros ou pela sua qualidade. Pela terceira vez, alguém me disse que o meu francês tinha sotaque canadiano. Que eu me lembre, os quebecois que conheci na vida foram muito poucos. Acho mesmo que só conheci uma natural da região francófona.

Apetecia-me trazer uma pilha de livros, como Uma História de Guerra, de John Keegan, as Memórias de Raymond Aron, Free World, de Timothy Garton Ash, Crónicas do Recordar, crónicas do agora, de Maria Eduarda (isso depois de uma conversa com a autora), o último volume da História de Portugal, de Veríssimo Serrão (também lá estava), O Desejo de ser Inútil - espécie de grande entrevista biográfica a Hugo Pratt, esse aventureiro tão genuínocomo o marinheiro que criou, A Guerra Civil de Espanha e Paris depois da Guerra, ambos de Anthony Beevor, além de ter folheado o último livro de Maria Filomena Mónica sobre Eça, uma fotobiografia de Spínola, um álbum sobre a Exposição do Mundo Português, alguns volumes da colecção Lisboa Desaparecida, de Marina Tavares Dias, etc. Acabei por trazer apenas Um Espião Comunista em Lisboa, de Ralph Fox. dizem-me que eram escritos do autor, de 1936, morto na Guerra de Espanha, em tempos publicados no Reino Unido, e nunca em Portugal. A ver vamos.

Para a semana, nova ronda, na feira do Porto, no Palácio de Cristal, pela última vez naquele espaço coberto antes de, ao que dizem, regressar à Baixa. Será na Avenida dos Aliados, agora tão despida depois da terraplanagem em granito?

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