sábado, junho 30, 2007

Tony Blair
Dez anos depois da sua chega ao poder, Tony Blair despediu-se enfim, como já tinha anunciado, deixando o laborioso escocês Gordon Brown no seu lugar. Quem o comparar com o jovem político que, depois da morte repentina de John Smith, acabara a reforma do Labour, cortando com a submissão aos poderosíssimos sindicatos e com a parte nacionalizadora da doutrina do partido, não deixará de notar o contraste flagrante entre a novidade e o desgaste.

Aproveitando alguma da política liberalizadora thatcherista, Blair empenhou-se em novos programas para baixar o desemprego, que tiveram seguidores em toda a Europa, e em investir na educação e em novas reformas sociais, como a criação do salário mínimo. Conseguiu, paulatinamente, obter a paz na Irlanda do Norte, como o comprova o recente governo de união, e estabelecer, pela primeira vez, uma parlamento na Escócia e na Irlanda do Norte. Geriu com mestria o delicado momento da morte da princesa Diana, da qual a família real acabou por sair ilesa. Londres ganhou um autarca próprio e tornou-se a cidade mais cosmopolita da Europa e talvez até do mundo, como pólo de atracção de todos os povos e actividades, misturando a fleuma e formalismo britânicos com um ar cool e multicolor.

A nível externo teve os seus maiores desaires, que lhe custaram a imensa popularidade ostentada no início. A prossecução do ideal de MacMillan, em que a Inglaterra seria a Grécia da nova Roma, os Estados Unidos, apoiando sempre a sua política externa, acabou por arrastar a Velha Albion para o atoleiro tenebroso do Iraque e para o recrudescimento do terrorismo. Blair, o mais europeísta dos governantes britânicos desde Heath, tentou fazer a ponte para uma forte aliança entre as duas margens do Atlântico, primeiro com Clinton, seu parceiro perfeito, depois com W. Bush. Com o primeiro, ainda conseguiu algum apoio no caso do Kosovo. Mas o 11 de Setembro, longe de se tornar uma oportunidade para reforçar o atlantismo, acabou por indirectamente provocar o desastre iraquiano. Não tendo conseguido levar alguma moderação aos aliados americanos, a política externa da Grã-Bretanha ficou refém das consequências, embora a nível da UE tenha conseguido presidir ao início de algumas mudanças estruturais. Desde então, a imagem de Blair não mais se levantou, até à sua saída no dia 27, prevendo-se agora um importante papel como mediador internacional. Apesar de tudo, terá sido um dos grandes líderes europeus dos últimos anos. Impopular agora, mas ainda com um longo caminho pela frente, ver-se-à se a história consagrará com um dos maiores das últimas décadas o homem que pouco depois de entrar em Downing Street, convidou os Oasis, ídolos da época (que como ele sofreram uma queda progressiva) a tomar um copo.

domingo, junho 24, 2007

S. João 2007

Já perdi muitos S. Joões na vida: ou por qualquer razão não estava no Porto, ou tinha sempre exames no dia 25. Era sem dúvida a minha grande trsiteza. A grande festa portuense, a mais popular das comemorações, as boas vindas ao Verão, com manjericos, sardinhas e martelos a ajudar, nunca deixou de ser a minha preferida. Natal e Páscoa são festas de família, não ligo ao Carnaval, e os anos são como calhar. Mas o S. João não, Quando podia festejar era fantástico, e raras eram as vezes em que não voltava já com dia pleno.
Mas este ano, curiosamente, quase não saí. Tenho trabalho na semana que vem, é certo, mas nada que me tirasse a noite de Sábado. Mas o sono acumulado e as escassas combinações que tinha ventilado acabaram por falar mais alto. Limitei-me a dar uma volta a pé pela Avenida, a olhar os balões luminosos confundindo-se com as estrelas, a ver os grupos de foliões a passar, com a música de Abrunhosa na Casa da Música e o arraial do Meridien como músicas de fundo. Ainda entrevi os clarões do fogo de artifício, antes de regressar a casa. E por aí se ficou o S. João 2007.
Recordei a mesma noite, noutros anos: os carroceis do Passeio Alegre, o fogo da ponte e as dezenas de barcos no Douro, os bailaricos populares entre a Ribeira e a Cantareira, com paragens em Miragaia e no Ouro, as praias da Foz ao alvorecer, os arraiais em Nevogilde, no largo Garcia da Orta ou na Praça Afonso V, as festinhas na Foz velha, entre a rua da Cerca e do Alto Vila, o regresso estafad a casa, sempre a pé, já com dia (mas nem sempre com sol, que a orvalhada Às vezes prega partidas), etc. Nunca estive, confesso, na Baixa, nas Fontaninhas ou em S. Lázaro neste noite. Mas ubíquo era Santo antónio. O mais estranho é que este ano estive na festa do originalmente conhecido como Fernando Bulhões, em Lisboa, e provavelmente irei também ao S. Pedro. Única falha dos Santos Populares: o santo baptista e rapioqueiro, o mais querido da minha cidade, do qual até tenho o nome. Num ano em que poderia fazer o pleno, faltam-me elementos de comparação.
O pior é que andando entre Lisboa e Porto, não sei quando voltarei a gozar condignamente o S. João. Espero que o mais breve possível. Voltar Às memórias festivas é viagem que se deve fazer sempre que possível, enquanto os anos e o ânimo o permitir. E, quem sabe, passar nas Fontaínhas e na Batalha sob a protecção da cascata Sanjoanina, entre matrecos e martelinhos.

quinta-feira, junho 21, 2007

O carácter e o chá

Haverá, volto ao princípio, uma imensidão de coisas a dizer. Uma delas, para já, é que se prova, no fim de contas, que Sócrates e a srª drª DREN Margarida Moreira são personagens feitos da mesma massa: gente burra a quem alguém não deu chá em criancinha


Sócrates não me parece propriamente burro, mas em relação ao chá, demonstra-o por vezes com as suas birrinhas despropositadas. Já a directora da DREN é provavelmente um caso patológico, que piora se ligado ao seu currículo: sindicalista radical primeiro (controleira, no fundo), até todo-poderosa entidade administrativa que está ali para velar pelo servilismo e pelos bons costumes administrativos, utilizando todos os meios ao seu alcance para o fazer (inclusive contra os sindicatos).

Além dos processos disciplinares movidos por razões absurdas e mesquinhas, abusando do seu cargo, e das já conhecidas gracinhas para com o autarca de Vieira do Minho, numa recente distribuição de prémios numa escola secundária do Grande Porto, a dita técnica administrativa entreteve-se todo o tempo a comer pastilhas elásticas e a mandar SMSs, demonstrando assim todo o interesse de que a cerimónia se revestia para ela. Coisa pouca, dirão, mas que juntando ás restantes sacanicezinhas diz muito do carácter de quem as faz.

segunda-feira, junho 18, 2007

Noivos de Santo António?

Há uns anos, o Inimigo Público, como sempre sarcástico, punha no seu caderno uma notícia anunciando que o BE iria apoiar os "Noivos de Santo António", a versão gay dos noivinhos abençoados pelo santo milagreiro, de forma a atraír votos para as Europeias desse ano. Lembro-me de ler aquilo em cojunto com alguns colegas de trabalho e de nos desatarmos a rir com a imaginação dos autores.
Mas parece que a realidade resolveu pregar uma partida aos incautos e copiar mais uma vez a ficção humorística : sim, Ana Sara Brito, da candidatura de António Costa à CML, quer levar os casamentos gays para o Salão Nobre da Câmara, numa versão civil dos tradicionais casamentos de Santo António. Parece piada mas não é.
Dá-me ideia que o PS se tinha comprometido a não aprovar tais legislações pelo menos durante esta legislatura. Vem agora a candidatura do partido governamental defender exactamente o contrário e ainda promover a sua realização em claro desafio burlesco às festividades juninas.
Não sei se a proposta partiu dos planos iniciais ou se não passou de uma ideia peregrina de Ana Sara Brito para tentar apanhar os votos da "comunidade LGTB" e afastar definitivamente Sá Fernandes da vereação. A candidata diz que sim, que a ideia parte de toda a candidatura, e que "seria bom se os casamentos fossem no Salão Nobre".
Além do próprio ridículo da ideia, seria bom perguntar à candidatura de António Costa se lançou isso cá para fora por eventualmente estar a ser preparada uma lei que regule essa matéria e que legalize os casamentos homossexuais em Portugal. O nº 2 do Governo até há um mês atrás está com certeza ciente dessa matéria. A menos que seja uma pressão de um grupo no sentido de obter esse mesmo resultado. Vai dar ao mesmo. Podiam era dizer logo ao que vinham e não se ficar pelas atoardas.
Também me parece que o Salão Nobre da CML não está normalmente aberto a casamentos civis comuns - heterossexuais, entenda-se. Assim sendo, teremos uma situação em que prevalecerá o factor gay como condição para usufruír desse espaço, normalmente reservado a cerimónias solenes e de importância acrescida. Lá se vai o argumento de que a "comunidade LGTB" não tem os mesmo direitos e é discriminada.
Finalmente: será que quem teve esta iluminada ideia não tem noção do ridículo? Casamentos gays de Santo António no salão Nobre da Câmara? Vale tudo para ganhar meia dúzia de votos ou o disparate pegado consagra-se definitivamente como "proposta eleitoral"? O Inimigo Público deve é ser o novo oráculo da nação.

sexta-feira, junho 15, 2007

O regresso dos Smashing Pumpkins

Em 2000 estive naquele que seria o último concerto dos Smashing Pumpkins em Portugal, no Coliseu do Porto. Um momento mágico, quando cheguei ao balcão, e vi a banda vestida de branco, entre névoas da mesma cor, quais anjos do rock, frente a um público completamente rendido que esgotava o recinto. Duas horas que passaram entre os últimos álbuns, clássicos das obras primas Siamese Dream e do enorme Mellon Collie and the Infinite Sadness, essa referência rocker dos anos noventa, canções intimistas e leves e violentas descargas de riffs de guitarras em fúria. E a despedida comovida do líder e compositor Billy Corgan, com a sua cara de bébé e a sua voz inconfundível, largos minutos a agradecer ao público.

A banda já tinha tido outros momentos memoráveis, como o espectáculo na Praça de Touros de Cascais, em 1996, À chuva. Lembro-me ainda no dia seguinte dos comentários sonolentos dos felizardos que lá tinham acorrido, e da sua excitação. Outros concertos da banda houve, menos bem sucedidos, como de resto toda a sua carreira daí para a frente. Em 2000 resolveram pôr um ponto final e fazer uma tournée mundial, que em Portugal culminou nesse tal concerto do Porto (que me custou imenso na candonga, porque um mês antes já se tinha esgotado!). Billy Corgan reuniu os Zwan, de curta duração, e lançou depois um disco a solo. Mas de tal maneira as saudades da antiga banda o atormentavam que resolveu ressuscitá-la.

Voltou agora a Portugal, com nova formação, e novo álbum no forja, chamado Zeitgeist, mais "interventivo" e político, diz-se. Parece não haver mais bandas que resistam ao revivalismo dos "velhos tempos". O espectáculo, em Algés, num cartaz onde pontificavam Peral Jam e White Stripes, terá sido mais morno e acústico que o que era habitual. Mas a chuva não faltou, como no concerto de 1996, em incrível coincidência. Falta que Zeitgeit tenha a qualidade dos álbuns anteriores.
Tenho uma certa pena de já não poder dizer que assisti ao último concerto dos Smashing Pumpkins em Portugal. Mas fico bem mais contente com o seu regresso, fiel à filosofia de tragicomédia do imparável Corgan.

Verão adiado

Há um mês, mais coisa menos coisa, que ouço inúmeros metereologistas dizer para se tomar cuidado com o calor, que o Verão vai ser o mais quente desde que há registos, etc. Ora o que se observa, em meados de Junho, é o tempo constantemente encoberto, chuva ocasional, vento irritante, e por vezes uns diazitos de sol. Do tal Verão anunciado, nem sombras. Ou melhor, apenas sombras. Ainda por cima, Carnaval, Páscoa, feriados, foram em grande parte sob água. Por isso, agradecia que parassem com essas ameças do "Verão escaldante", que é coisa que já me cheira a partida de mau gosto. Eu bem queria que tal canícula viesse, queria, mas esta promessa constantemente adiada só me provoca nervos, sempre que saio lá para fora e dou de caras com horizontes de nuvens.

terça-feira, junho 12, 2007

Bilhetinho a Gisele Bundchen


Gisele, umas das mulheres mais idolatradas do Brasil, referiu que as leis da Igreja estão ultrapassadas e que foram feitas numa altura em que era esperado que as mulheres fossem virgens.
«Hoje em dia ninguém é virgem quando casa. Mostre-me uma pessoa que o seja!», disse a modelo ao jornal.
Inquirida acerca do aborto, a modelo defendeu que a mulher tem o direito de escolher o que é melhor para ela e incentivou o uso do preservativo


Até quatro meses de gravidez, não existe quase nada. É como um grãozinho.
Quando a igreja fez suas leis, milhões de anos atrás, a mulher era virgem, o cara era virgem... Hoje em dia, ninguém mais casa virgem

Olha, Gisele, não é por nada, mas acho que não conheces todas as mulheres do mundo, nem do Brasil, e provavelmente nem do teu bairro. E acredita que há pessoas com ideias e práticas diferentes das tuas, por vontade própria. O mundo não se resume às passerelles, a Copacabana, a Miami e a Beverly Hills, sabias?

E sabias que o que está dentro das mulheres no tempo de gravidez não é propriamente um "grão de areia", que já tem inúmeras características de uma pessoa plenamente formada? Que aos quatro meses já há orgãos vitais perfeitamente definidos, coração incluído? Pois é, estamos sempre a aprender. Ou também há grãos de areia com coração?

E já agora, a Igreja Católica tem o direito a dar as suas opiniões, a exortar os seus princípios, como qualquer outra instituição (mesmo que não tenham "milhões de anos", como tu afirmaste). Talvez te faça confusão, a ti e a tanta gente que por aí opina sem pensar antes, mas há quem tenha um núcleo de princípios universais, aqueles que não se esboroam com as modas e os ventos, e que os pretende conservar. Quem não quiser não tem de os seguir. Quem neles acredita pode perfeitamente pregá-los, sem ser obrigado a pedir desculpa. Uma sociedade tolerante é isso mesmo, não é as instituições terem de baixar o olhar e calar-se se outros acham que as suas ideias não são tão seguidas "hoje em dia".

Pois é, Gisele. Desde o outro dia, em que recusaste ir jantar comigo porque estavas com medo de "perder a linha" e "ganhar calorias" (e no sítio em questão não havia comida macrobiótica), que desconfiei que não eras uma inteligência a toda a prova. Mas estas declaraçõezinhas estouvadas foram a prova dos nove.

Ah, bela gaúcha, o que te safa é a tua imagem e a tua vocação para desfilar. Caso contrário, terias arranjado lugar no vasto circuito de aspirar alcatifas, ou talvez até como profissional de "Manifs".

segunda-feira, junho 11, 2007

Leituras comuns
É curioso: sou de uma geração bastante mais nova do que a de Pacheco Pereira, mas tenho em comum com ele algumas leituras de juventude. "Herdei" tais livros da minha mãe, é verdade; e também nunca tive grande paciência para ler Florence Nithingale. Lembro-me ainda bem do Pasteur e do Mozart, e menos bem de As Grandes Invenções. Numa colecção parecida(Biblioteca dos Rapazes?), desta feita pertencente ao meu pai, lembro-me de tomar contacto pela primeira vez com Edison, Gutemberg, Gago Coutinho, etc. Isso numa idade em que já largara Os Cinco, a Condessa de Ségur e Sophia, ainda lia os Uma Aventura e começava a entrar nos romances de aventuras de Emilio Salgari, como o Corsário Negro, e os de Walter Scott, Dumas, o sublime A Ilha do Tesouro, etc. Marcaram-me numa altura fulcral, o início de amadurecimento das leituras, passadas as primeiras páginas infanto-juvenis. Só prova que há livros que mesmo que não sejam reeditados, nem por isso perdem o seu valor, e podem servir várias gerações. Podem e devem, aliás.

sábado, junho 09, 2007

Afinal não resistiram

O Arquitecto Saraiva prometeu desde o início que o seu radioso projecto jornalístico chamado Sol iria tornar-se uma referência na imprensa nacional; que em seis meses se tornaria no mais lido dos semanários; e que, sempre recordado na capa, o jornal não dava brindes nem promoções, numa clara alusão aos DVDs perjorativa ao seu antigo Expresso.
Pois bem: passados mais de seis meses, o Sol não é o mais lido - basta ver as pilhas acumuladas que ficam por comprar durante toda a semana - está longe, nos seus faits-divers, de ser qualquer referência no meio, e nem ao menos resistiu à tentação de dar brindes. Bem podem disfarçar e chamar-lhe outro nome qualquer: oferta, mimo, saldo, taluda, o que quiserem. Agora não camuflam a ideia de que afinal era tudo um estratagema, que se manteria caso as vendas fossem satisfatórias, mas que se destaparia se não surtisse efeito, como se observa. Mais valia assumirem de uma vez por todas o logro da forma mais discreta. Mas do "futuro Nobel" Saraiva esperam-se todos os artifícios. Principalmente os mais patéticos.

quinta-feira, junho 07, 2007

Imagens do Dia do Corpo de Deus

O Dia do Corpo de Deus, ou Corpus Christi, é uma comemoração religiosa itinerante, dependente do dia de Páscoa, na quinta-feira depois do Domingo da Santíssima Trindade, celebrando a Eucaristia, data em que milhares de crianças comungam pela primeira vez. Ainda me lembro da minha Primeira Comunhão, num longínquo e quente 18 de Junho, do Novo Testamento que me deram, do posterior jantar em minha casa, dos convidados...

Em Caminha, é a maior festa religiosa, a par das de Santa Rita. Os tapetes de flores enchem as ruas, espalham-se pela praça do chafariz, frente aos Paços do Concelho, pelas ruas, por onde marcham as procissões, e atraem inúmeros curiosos. Vale a pena ver as cores que inundam as ruas da vila, já de si bonita, sobretudo numa tarde de sol.


Caminha, Maio de 2005: festas do Corpo de Deus

terça-feira, junho 05, 2007

Metro da Margem Sul

O projecto do metro da Margem Sul do Tejo está já bastante adiantado. E parece até que os custos nem vão ser assim muito altos. Tirando, claro, os de importação de mercadorias, as taxas alfândegárias e os decalitros de água necessários para alimentar o transporte.

(Enviado por e-mail).

domingo, junho 03, 2007

Feira do Livro, multidões, intenções e aquisições

Feira do Livro. A de Lisboa, para já. Com o tempo enfim soalheiro, percorrem-se as barracas, folheiam-se alfarrábios, biografias, ensaios e romances. A partir de certa altura, é impossível deixar de esbarrar com famílias inteiras, com os seus carrinhos de bébé, idosos a pensar onde estão, casais de namorados distraídos, bibliófilos a mirar ao longe uma qualquer nova edição. Mini-esplanadas montadas e tendas vendendo gelados. Fernando Negrão em pré-campanha, na companhia de Vasco Graça Moura, fingindo que estava interessado nos livros (com uma oportuna câmara de televisão atrás). Junto às respectivas editoras, os autores protegem-se do sol ou vão bebendo um café até aparecer um fã. Um senhor da Normandia , que folheava a meu lado, resolveu desabafar comigo em francês, queixando-se que os editores trabalhavam pelas vendas e não pela divulgação dos livros ou pela sua qualidade. Pela terceira vez, alguém me disse que o meu francês tinha sotaque canadiano. Que eu me lembre, os quebecois que conheci na vida foram muito poucos. Acho mesmo que só conheci uma natural da região francófona.

Apetecia-me trazer uma pilha de livros, como Uma História de Guerra, de John Keegan, as Memórias de Raymond Aron, Free World, de Timothy Garton Ash, Crónicas do Recordar, crónicas do agora, de Maria Eduarda (isso depois de uma conversa com a autora), o último volume da História de Portugal, de Veríssimo Serrão (também lá estava), O Desejo de ser Inútil - espécie de grande entrevista biográfica a Hugo Pratt, esse aventureiro tão genuínocomo o marinheiro que criou, A Guerra Civil de Espanha e Paris depois da Guerra, ambos de Anthony Beevor, além de ter folheado o último livro de Maria Filomena Mónica sobre Eça, uma fotobiografia de Spínola, um álbum sobre a Exposição do Mundo Português, alguns volumes da colecção Lisboa Desaparecida, de Marina Tavares Dias, etc. Acabei por trazer apenas Um Espião Comunista em Lisboa, de Ralph Fox. dizem-me que eram escritos do autor, de 1936, morto na Guerra de Espanha, em tempos publicados no Reino Unido, e nunca em Portugal. A ver vamos.

Para a semana, nova ronda, na feira do Porto, no Palácio de Cristal, pela última vez naquele espaço coberto antes de, ao que dizem, regressar à Baixa. Será na Avenida dos Aliados, agora tão despida depois da terraplanagem em granito?

sexta-feira, junho 01, 2007

Post "pro-smoking"
O Cachimbo de Magritte já estabeleceu aqui as suas regras e diversas opções de fumo, num post aplamente copiado pela blogoesfera:


Acrescentaria que os comunistas também optarão por esta última via, mas creio que não os há no distinto blogue. Mas para ajudar ao pluralismo do tabaco, eu, fumador mundano ocasional, deixo aqui algumas imagens do que considero ser o prazer do fumo (passe a publicidade).