terça-feira, dezembro 20, 2005

Estranhas observações ou nem por isso?

Tenho José Ribeiro e Castro como um democrata-cristão de ideias moderadas, que suavizou (ou soporiferizou) o PP de Paulo Portas com umas pitadas de CDS. Por isso só posso estranhar as suas declarações no congresso da Juventude Popular, em Bragança, ao falar do "Império mediático da esquerda, responsável pelos grandes males deste mundo, como o terrorismo", e de "afirmar que todas as ditaduras hoje são de esquerda".
Em relação a este último ponto, fico a pensar se Ribeiro e Castro, qual seguidor de Bernardino Soares, tem dúvidas quanto a regimes como o Irão, a Arábia Saudita ou a Birmânia. É que pensar apenas em Cuba ou na Coreia do Norte não basta. A China, segundo uma das poucas tiradas totalmente certeiras de Soares nos últimos tempos, é um regime de um autoritarismo comunista-maoísta que utiliza o capitalismo mais selvagem. O Zimbabwe é de difícil catalogação. A Líbia é nominalmente socialista, mas com um estranho rótulo de "democracia directa" (belo eufemismo do coronel local). A Indochina está a saír do comunismo mas não dos regimes ditatoriais. E quanto ao resto, são vagamente socialistas, vagamente fascistas-militares.
O mesmo se pode dizer do terrorismo. Se inicialmente o terrorismo surgiu com os movimentos anarquistas do Séc. XIX, que tiveram os seus sucessores nas Brigate Rossi de cada país (a nós calharam-nos as FP-25), não é menos verdade que os movimentos fascistas não lhes ficaram atrás, na Europa e na América Latina. Duvido seriamente que a Al-Qaeda seja propriamente "de esquerda", na sua fúria teocrática, e o mesmo se aplica a casos como o de Timothy McVeigh.

Não se compreende mesmo esta deriva maniqueísta e pouco pluralista do o líder "azul e amarelo". São declarações próprias de um desses estranhos "filósofos" que agora há no Brasil, ou de reaças sem remédio, para quem o pluralismo numa sociedade democrática é uma ameaça. Não de um político europeísta e próximo do centro.
A única explicação que encontro é que Ribeiro e Castro quis empolgar o auditório dos jotinhas populares, ainda com a fresca memória de Paulo Portas na cabeça. É preciso não esquecer que essa importantíssima agremiação de imberbes (mais por opção) tem deixado em cuidado o país pelo facto de não apoiar nenhum candidato presidencial. Muito apropriadamente acaba de reeleger como líder - sem oposição - esse portento das novas gerações parlamentares, o inimitável João Almeida, famoso membro de uma claque do Restelo e cumpridor discípulo Lapalissiano. O grande plano, agora, é o de "conquistar a geração que vê os Morangos com Açúcar e que saca músicas da Internet". Estranho ou redundante? É que ia jurar que a maioria dos JPs se identificava com essas características geracionais.

Ainda a ver: a fantástica sátira ao último Eixo do Mal no Esplanar. E podem crer que grande parte daquelas frases não são invenção nenhuma, em particular as tiradas da autobiografada do momento.

3 comentários:

Anônimo disse...

duvidas que a alqaeda e o veigh sejam de esquerda? duvidas?
esta agora...a alqaeda é uma seita ultra fundamentalista religiosa e o veigh um fascistóide americano e tu ainda tens umas dúvidas...
já o ribeiro e castro perdoa-se... estava entre os jovens e entusiasmou-se. quanto ao rapaz que quer penetrar nos morangos com açúcar ... um programa é um programa não é? que mais haverá a dizer?
rui.david@gmail.com

Freddy disse...

O PP vai de mal a pior...Liderado por RC, ainda por cima benfiquista... ;)

Abraço da Zona Franca

Anônimo disse...

Não percam tempo com crianças não desmamadas. Paulo e José só são apóstolos no nome. No resto são e serão sempre apêndices a reboque - gostem ou não - do SUVzinho laranja. Mesmo que o motorista seja um Marques que se esforça ainda por ser Mendes.
(Tinha muito gosto numa visita ao meu WWW:BEMHAJA.COM)