terça-feira, janeiro 20, 2004

Senta-te que talvez rias...de dez em dez minutos.

Hoje não resisti a ver um pouco do "Levanta-te e Ri", uma das actuais coroas de glória da SIC. Não que fosse a 1ª vez, mas há lá um grupo de jovens turcos que me tinha chamado a atenção.
Desta vez não apareceu o já célebre Bruno Nogueira, com a sua bagagem de auto-ironia corrosiva, nem nenhum dos gatos, que aliás já têm o seu próprio registo televisivo, e o leque de comediantes pareceu-me hoje bastante fraco.
Abriram logo com um indivíduo de nome Serafim, de sotaque alentejano e irritante até à medula, contando umas historietas incompreensíveis; acabaram forçosamente com a "estrela" Fernando Rocha, que em cada cinco palavras diz seis palavrões, desfiando sempre as mesmas anedotas. Estes dois exemplos do "humor português" receberam as maiores revoadas de palmas, como era previsível.
Acabou no entanto por valer a pena, já que pelo meio surgiu o já meu muito conhecido Francisco Menezes, cuja carreira televisiva acompanho desde os seus primórdios. Sim, era daqueles que via o maior número de "N-Cromos" e "Desterrados" possíveis ( na antiga NTV), blocos de humor quase artesanais, com um único actor (o próprio), que se transformava numa impressionante míriade de personagens, que iam desde o historiador maníaco ao barman de discoteca, do homem-estátua ao cantor "reggae" de rua, ou do pregador Mormon à peixeira do Bolhão, passando pelo demagogo político (de seu nome Paulo Durão Rodrigues, uma escolha mais que apropriada); No "Desterrado" representava o portuense no degredo em Lisboa, acusando a Capital de todos os males possíveis e imagináveis, com pérolas tais como:"Lisboa é como Coimbra: tem mais encanto na hora da despedida".
Com a fama, Menezes passou pela RTP, com o Portugal FM, que tinha a sua piada, e encontra-se agora como um dos "residentes" do Levanta-te e Ri. Observe-se é que de todos é o que dá menos uso ao palavrão ou à piada fácil, preferindo um humor mais inteligente e baseado na imitação sonora. Consequência directa disto é que é também o menos aplaudido. De longe. Só o é mais quando tenta puxar pelo público ameaçando com palavrões, os quais não surgem (ou muito sub-repticiamente).
Pessoalmente ri-me hoje mais com ele do que com os outros todos juntos. Mas sinto sinceramente que o Fernando Rocha ou o Herman, na sua versão "hardcore", sejam bem mais incentivados. Um pouco como aqueles filmes rotulados como comédias, mas em que à saída da sala só se ouvem comentários do tipo "Comédia? Mas não dei uma única gargalhada!". Como se os filmes de comédia fossem só as películas adolescentes, a puxar para o escatológico; ou nos programas de humor tivesse de constar o palavrão e a piadinha sexual da praxe. A sorte é que a Stand-up-Comedy, a verdadeira, está aí, inevitável.

Um comentário:

Anônimo disse...

Obrigado por Blog intiresny