segunda-feira, janeiro 19, 2004

Li os habituais artigos de Miguel Sousa Tavares esta semana. Com o do Público concordei (pelo menos em parte); pelo da Bola tenho uma imensa discordância.
Eram previsíveis as reacções que o primeiro provocou entre os mais acérrimos defensores da doutrina Bush no panorama nacional. Não vi sequer a habitual opinião do sr. Delgado. Bastou-me olhar para este para ficar com uma ideia mais ou menos clara do que são os contra-argumentos de alguns amigos dos "Neo".
Assim, deixou-me estupefacto que à frase "...Bush queria uma guerra, que pudesse ganhar facilmente..." haja uma mera tentativa de contrariedade como "Tipo Marvel Comics. Melhor é impossível". O que aqui há é uma tentativa de ridicularizar um facto sem de forma alguma (tentar) provar o seu contrário, apostando na mera graçinha para mudar de assunto rapidamente.
O ponto 7, aquele que responde a "a resposta ao problema do terrorismo (...) assenta na superioridade (...) do Estado de Direito sobre o fanatismo" coloca jocosamente várias hipóteses inviáveis, como "convencer os dirigentes do Hamas a renunciar ao terror oferecendo-lhes terrenos e instalações para os seus serviços de acção social". Ou seja, sabemos que o autor de tais perguntas não só não defende a viabilidade do Estado de Direito como ainda considera os assassínios selectivos, os tanques disparando sobre miúdos de calhau em riste ou os mísseis sobre Gaza a melhor forma de pôr termo ao conflito israelo-árabe, pacificar a região e criar um estado palestiniano autónomo... nem que seja sobre areia e pedregulhos. E que por inerência as negociações são uma perda de tempo. O que não admira, se nos lembrarmos da importância que os EUA deram à diplomacia e ás inspecções na pré-invasão do Iraque.
O que realmente me deu uma sonora vontade de rir foi sem dúvida a tentativa de desmentir a declaração de Sousa Tavares de que Bush transformara em deficit galopante o legado superavitário de Clinton, a saber :"Bush não transformou o superavit em deficit.(...)O período de vacas gordas que os EUA atravessavam estava condenado a acabar". Refere-se ainda a "ciclos económicos". Confesso que não sou economista, mas causa-me certa confusão a coincidência de no tempo de Reagan ter existido um deficit monumental, que se prolongou com Bush-pai e que se eclipsou com as mudanças económicas operadas por Clinton, regressando em força com a ascensão ao poder de Bush-filho. Lembro-me também que os cortes de impostos deste último aos mais abastados foram repudiados por Bill Gates, George Soros e outros indivíduos de conta bancária semelhante. E que com medidas diametralmente opostas Roosevelt venceu a pior crise económica que a América já conheceu. Devem ser estes os tais "ciclos económicos" atrás referidos : a alternância entre democratas e republicanos no poder. Escusado será perguntar quem é que conseguiu melhores resultados em termos de política económico-financeira. Mas muitos americanos não sabem infelizmente qual a resposta a dar. E o senhor que tanto critica MST também não deve saber, caso contrário não falaria de "argumentos da treta". É que por vezes as tentativas de os contrariar criam "tretas" ainda maiores.

Já disse que o artigo mais "desportivo" de MST não me agradou de todo. É que depois de toda uma diatribe de ironia dirigido ao Benfica e supostamente a um artigo passado de Leonor Pinhão (com amplas referências ao jogo Porto-Rio Ave), compreende-se onde está a "moral da história": é incorrecto falar do que se passa noutros clubes para não se disfarçar pecados próprios. Pena é que Sousa Tavares tenha caído na sua própria armadilha disfarçada de crítica e falasse do Benfica em 75% do texto. Com coisas como "a Direcção do Benfica não pediu desculpas pelos três sportinguistas navalhados em Stª Apolónia". Não que concorde com este silêncio; mas não concordo igualmente com o facto dos orgãos do Sporting nada terem dito sobre o facto da sua claque se ter divertido à entrada para o derby a apedrejar os adeptos do Benfica ( não a respectiva claque), com consequentes ferimentos; ou a do Porto, quando os seus SD saudaram a Lazio aquando da sua chegada a Pedras Rubras para defrontar o Benfica, cujos adeptos na ocasião sofreram ataques da mesmíssima claque (ou gang, se houver distinção possível). Enfim, atordoadores silêncios com que por vezes o dirigismo futebolístico nos brinda. MST podia e devia julgá-los por igual.

Errata: no meu anterior post são visíveis algumas falhas, como a da palavra "dizer", no início do 2º parágrafo, ou alguns erros que facilmente se adivinham ("fundo" e não "findo"). Mas creio que a hora tardia a que escrevi serve de desculpa.

Um comentário:

Anônimo disse...

bom comeco